sábado, junho 14, 2008

QUEM MOSTROU O QUE NAS PRIMEIRAS RODADAS DA UEFA EURO 2008

Na melhor Euro que já assisti (acompanhei todas desde 88), o futebol do velho mundo deve estar deixando a velha imprensa esportiva brasileira (PVC, Calçade & Cia. excluídos) de cabelo em pé, pois o que se vê é muita bola pra frente, poucos volantões brucutus, defesas pouco confiáveis e muitos jogos bons.

A seguir, ordenei as seleções da Euro pela qualidade do futebol mostrado. Por "qualidade" entenda-se o conjunto formado pelos planos técnico, tático, físico, emocional, além do resultado, é claro. Para cada seleção, resumidamente escrevo o que mostrou e arrisco um palpite sobre as chances de título.

1) HOLANDA: o futebol mais vistoso e mais rápido, os melhores resultados, o melhor banco de reservas, mas uma boa dose de sorte, ajuda da arbitragem e falhas da zaga central que, por circunstâncias, não pesaram no placar nem foram vistas pela imprensa brasileira. Chances de título: parecem altas, mas raramente uma seleção que encanta a imprensa na primeira fase levantar canecos em Copas e Eurocopas.

2) PORTUGAL: muitas semelhanças com a Holanda, mas com menos sorte e problemas defensivos um pouco mais evidentes, especialmente com seus laterais. A diferença é que Portugal está sendo exatamente o que se esperava - Cristiano Ronaldo incluído- e a Holanda surpreende até ao seu próprio técnico. Chances de título: maiores do que as da Holanda, pois os tulipanos não tem Felipão no banco nem um jogador decisivo como Cristiano Ronaldo em campo. E Deco ? Sim, Deco está jogando muito, mas tanto quanto Sneijder.

3) CROÁCIA: futebol ruim quando podia, futebol bom quando precisou. Chances de título: Quem não tem camisa não vence, ainda mais sem um atacante confiável. Mas se a Grécia venceu, a Croácia também pode ter chances. Das seleções do "segundo escalão" europeu, é que

4) ESPANHA: a dupla de ataque mais perigosa do torneio, uma defesa pouco confiável e um meio de campo que ainda não acertou o passo. Chances de título: o currículo da Fúria não sugere nenhum favoritismo, mas se Fábregas conseguir se encaixar na equipe e acertar a meia-cancha, é possível que os gols de Villa e Torres possam superar a fragilidade da defesa. Do contrário, não passa pelas quartas.

5) SUÉCIA: um sistema defensivo surpreendentemente compacto para os padrões suecos pós Copa de 94, uma meia-cancha formada por 4 meia-atacantes que exercem todas as funções possíveis e desejáveis para um meio-campista moderno, mas uma enorme dependência de Ibrahimovic. Chances de título: mínimas, próximas a zero, mas sem Ibrahimovic em campo, nivela-se à Rússia e talvez nem passe de fase. Se o joelho deixar Ibra jogar como no primeiro tempo contra a Espanha, avança e endurece o jogo contra a Holanda.

6) ALEMANHA: Podolski em grande forma, Klose e Ballack sumidos, uma defesa indigna mesmo do histórico recente da seleção e um estado anímico supreendentemente negativo para quem cresceu vendo a todos exaltarem a frieza e o poder de concentração dos germânicos. Chances de título: seriam grandes se Joachim Löw corrigisse algumas coisas como: 1) parar de insistir com Mario Gomez e Klose simultaneamente no ataque, 2) aproximar Ballack da área; 3) escalar Schweinsteiger como titular; 4) reanimar o vestiário . Porém, como Schweinsteiger deve ser punido com mais de um jogo por expulsão e tenho dúvidas sobre o lado motivador de Löw, vai ser difícil passar por Portugal.

7) ITÁLIA: um treinador perdido, uma tremenda falta de sorte (contusão de Cannavaro, erros grotescos de arbitragem, bolas que incrivelmente não entram, etc.) e a forma físico-técnica de Toni muito abaixo do que nos três primeiros quartos da temporada. Chances de título: se passar de fase e Donadoni usar Cassano como arma de desequilíbrio técnico, pode ser que o time se arrume e a Azzurra volte a estar entre os favoritos.

8) FRANÇA: um jogo lento e sem força na primeira partida, uma defesa envelhecida e um ataque sem sorte na segunda e Ribery lutando bravamente para dar uma alma ao time. Chances de título: muito poucas, pois mesmo com toda força de sua camisa e a experiência do elenco, seu treinador escala a partir de critérios muito questionáveis e se mostra incapaz de ler o jogo e reverter uma situação desfavorável.

9) RÚSSIA: jogadores rápidos, com boa técnica e ótimo toque de bola do meio para a frente e uma zaga nem um pouco confiável. Chances de título: nenhuma.

10) ROMÊNIA: um time extremamente compacto, bem disposto em campo, com bom toque de bola, que procura jogar no erro do adversário, mas que carece de um grande atacante ao lado de Mutu para dar maior poder ofensivo. Chances de título: nenhuma.

11) REP. TCHECA: uma estréia ruim, um adversário chato para Portugal, mas sobretudo uma imensa dificuldade de achar uma formação ideal do meio para a frente, especialmente por falta de jogadores capazes de substituir os vários Nedved, Poborski, Rosicky e o próprio Koller, uma sombra de si mesmo. Chances de título: nenhuma, mas pode complicar a Croácia em um eventual embate de quartas-de-final.

12) TURQUIA: um time com muita vontade, mas muito irregular, de escalação ideal ainda indefinida, zaga fraca, e ataque de pouco punch. Chances de título: 20% de chances de supreender os tchecos, mas além das quartas é impossível chegar.

13) POLÔNIA: as mesmas deficiências técnicas em todos os setores que se viram nas duas últimas Copas do Mundo, especialmente no sistema defensivo e na "centroavância". Chances de título: já está desclassificada, mas nunca se imaginou que pudesse ir além das quartas-de-final.

14) SUÍÇA Chances de título: pouca eficiência ofensiva e muito menor solidez que na Copa do Mundo, mas alguns jovens jogadores que serão a base da era pós Kobi Kuhn. Chances de título: já está desclassificada, mas nunca se imaginou que pudesse ir além das quartas-de-final.

15) ÁUSTRIA Chances de título: um time sofrível na primeira partida, melhor e mais vibrante na segunda, mas que se não estivesse jogando em casa não teria sido capaz de empatar com a Polônia. Chances de título: a menos que a Alemanha faça o maior fiasco de sua história, nem passa pela fase de grupo.

16) GRÉCIA: nada além do seu futebol cínico e cretino e confirmação de que 2004 foi o ano da zebra, da bruxa solta, das leis de Murphy e de que um raio não cai mesmo duas vezes no mesmo lugar. Chances de título: já está desclassificada e bem que poderia voltar pra casa com uma sacolada de gols espanhóis e sem fazer nenhum. A FIFA precisa urgentemente reorganizar o calendário do futebol mundial para que essas competições passem a acontecer no meio da temporada e não no momento em que a maioria dos grandes jogadores estão mental e fisicamente cansados.

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