domingo, maio 31, 2015

Inter jogou no 4-4-2 contra o Santa Fé?

Não posso afirmar que "toda" a imprensa tenha dito que o Inter entrou em campo no 4-4-2 contra o Santa Fé, no jogo de volta das quarta-de-final da Libertadores. Porém, todos os que escutei no rádio, em pelo menos duas emissoras (Gaúcha e Gre-Nal), entenderam que Aguirre deixou o 4-2-3-1 de lado. Alguns até podem ter se referido ao segundo tempo, mas compreendi que falavam do jogo todo, iludidos pela escalação de Lisandro López. Erro recorrente de quem analisa futebol mais pela escalação e posição de origem dos jogadores do que pelo que se vê em campo.

Sabemos que Licha López é atacante, mas seu posicionamento em campo e a função executada é que mostram qual o esquema tático usado. No primeiro tempo, Lisandro jogou na posição que vinha sendo ocupada por D'Alessandro, no centro da linha de três meia-atacantes, com D'Ale deslocado para a direita. Isso ficou tão claro para mim, desde a arquibancada, que fiquei muito surpreso com tantos jornalistas afirmando que era um 4-4-2. Até gente que realmente entende e enxerga jogo, como Fernando Carvalho (Rádio Gaúcha) e André Rocha (do ótimo blog Olho Tático), embarcaram nessa. O primeiro, afirmou que Nilmar jogou por trás de Lisandro, quando foi exatamente o contrário. O segundo postou em seu ótimo blog apenas a tática do segundo tempo, como se tivesse sido do jogo todo.

Ver um jogo no estádio é completamente diferente de vê-lo pela TV. Além de não ter replay, de acordo com o local onde está você não entende bem o que se passa em algumas partes do campo. Porém, enxerga o que está próximo de você com muito mais clareza do que na TV, sem falar que fica com os 22 jogadores no campo de visão, podendo analisar melhor alguns detalhes da tática e da movimentação dos jogadores. Contra o Santa Fé, por exemplo, fiquei "meio de quina", no lado em que o Inter atacou o primeiro tempo. Por isso a distribuição tática do ataque me foi tão clara. Depois, vendo a gravação do jogo pela TV, apenas confirmei o que já vira ao vivo.

As três primeiras imagens mostram o 4-2-3-1 no apito inicio, no início e no final do primeiro tempo, numa pequena amostragem do que foi o tempo todo durante os primeiros 45', com ou sem a bola. Quem quiser ver o VT, vai notar essa disposição em qualquer momento do jogo, menos quando Sasha ficou em campo mancando, pois daí ficou junto com Nilmar e Lisandro veio formar uma linha de 4 pela esquerda.
 


A seguir, Lisandro é visto dando combate ao avanço de Seijas, vértice esquerdo do losango de meio-campo do Santa Fé, enquanto Willian cuida de Mosquera, abandonado por D'Alessandro.

As próximas duas imagens, mostram Lisandro com a bola, bastante recuado, bem atrás de Nilmar. Jogando assim tão baixo, e centralizado, foi bastante acionado na transição de jogo do Inter, quase como um pivô. O quanto isso é uma exigência compatível com as características de Lisandro?



Claro que a movimentação dos jogadores é mais flexível que seu posicionamento tático no papel. Assim como vimos D'Alessandro fazer nos últimos jogos, por vezes Lisandro correu para o lado de Nilmar em situações em que uma pressão na saída poderia ter representado retomada de posse. A imagem abaixo mostra um pique do "Licha", desde sua posição na linha de três até o zagueiro que estava recebendo o passe.

A mudança de postura que vimos no segundo tempo não foi só uma fala motivadora no vestiário. A partir do intervalo, sim, passamos a jogar no 4-4-2, com duas perfeitas linhas de 4 sem a bola (como mostra a imagem abaixo) e com os laterais e Aránguiz subindo mais quando estávamos com a posse de bola, deixando Dourado e a dupla de zaga na proteção. Nossa dupla de ataque começou com Lisandro e Nilmar, depois passou a Lisandro e Valdívia (com Alex no meio), finalmente com Lisandro e Rafael Moura (Alex na lateral e Valdívia de volta ao meio).


Mas é interessante como outra coisa que vi claramente no estádio, não consegui enxergar tão bem na TV. Assim, não posso criticar os comentaristas por não terem notado o problema que foi D'Alessandro tendo que marcar pelo lado direito. Mas por inúmeras vezes, no primeiro tempo, Mosquera ficou livre. D'Ale insistemente pedia para Willian se adiantar e pegá-lo, para que não precisasse se deslocar tanto par ao lado e para trás. Mas isso não ocorria, porque nosso lateral precisava compor a linha de 4 zagueiros orientada para bloquear Morelo, Páez e um dos meias, enquanto Aránguiz e Dourado seguravam os outros dois e Lisandro cuidava do volante central. Numas das vezes em que D'Ale não quis recuar, ele mandou, aos berros e dedo apontado, Nilmar fechar o lado direito. Por sorte, Mosquera foi pouco acionado, e o problema não nos impactou. Mas, se Aguirre mantiver essa formação tática, com D'Ale pelo lado, como fazia Abel, e como ele mesmo iniciou o ano, estou certo de que em algumas partidas teremos graves problemas defensivos por ali. Ou, se D'Ale precisar se concentrar nessa tarefa defensiva, teremos nosso craque mais distante do ataque e sem fôlego mais cedo. Passo a bola para Aguirre resolver esssa.

Libertadores 2015: Inter x Santa Fé 2-0

Inter x Santa Fé 2-0 (agregado 2-1)
Libertadores 2015
Quartas-de-final
Beira-Rio
27 de maio de 105

Resumo:
O técnico uruguaio mandou o Inter a campo no seu já tradicional 4-2-3-1, mas com Lisandro no centro e D'Ale pela direita na linha de 3 meia-atacantes. A preferência por Lisandro ao invés de Valdívia pode ter sido pela intenção de manter pelo jogo todo pelo menos um jogador de lado de campo em condições físicas para suportar o intenso ritmo do jogo colorado, o que foi quebrado com a prematura saída de Sasha por lesão. Com o gol marcado bem cedo, imaginava-se que o Inter pressionaria fortemente em busca do segundo. Porém, o Inter não conseguia completar jogadas perigosas e aos poucos foi perdendo o controle da posse de bola e a partir da metade do primeiro tempo relembrou o segundo tempo da final do gauchão e os momentos em que foi pressionado pelo Atlético MG. O cabeceio de Juan que deu o gol aos 2' acabou ficando com a única finalização em gol em todo o primeiro tempo. Por outro lado, mesmo com 51% de posse de bola, os colombianos não levaram perigo, fechando com zero finalizações a primeira etapa. No segundo tempo, o Inter voltou a campo com Lisandro na frente, ao lado de Nilmar, e um posicionamento mais adiantado dos laterais e de  Aránguiz. Assim, conseguiu pressionar o Santa Fé sem correr riscos, criar várias chances de gol, obter mais de 10 escanteios e provocar cartões amarelos e duas expulsões, numa pressão insuportável que só poderia resultar em gol. Ainda que contra, e de um escanteio mal marcado.


Inter no 4-2-3-1:
22 Alisson 6 - errou perigosamente a saída de bola por duas vezes, mas foi muito seguro nas bolas altas
 6 Willian 7 - alguns erros no início do jogo compensados por muita marcação, roubadas de bola e constante opção de jogadas, especialmente com D'Alessandro, no segundo tempo.
14 Ernando 6,5 - um único erro de posicionamento em todo o jogo
 4 Juan 8 - fez o primeiro gol e deu um show de posicionamento, antecipação e desarmes
24 Geferson 6 - um pouco inseguro no primeiro tempo e com dificuldade técnica no apoio, cresceu na etapa complementar tanto na defesa quanto especialmente no apoio
13 Rodrigo Dourado 7 - jogador de um ou toques na bola, recuperou e interceptou uma infinidade de bolas na grama e no ar.
20 Aránguiz 6,5 - bem mais discreto do que nas últimas partidas, errou alguns passes, mas ajudou muito na marcação e foi importante para velocidade do jogo da meia-cancha no segundo tempo.
10 D'Alessandro 7,5 - sua volta ao lado direito do campo lhe trouxe tanto mais dificuldades na fase defensiva quanto possibilidades de investir a dribles contra o lado esquerdo colombiano; foi muito bem na bola parada e o principal finalizador da partida
17 Lisandro López 6,5 - impressionou muito mais pela movimentação, passes e garra do que pelo acabamento das jogadas, até por ter jogado o primeiro tempo como meio-campista; no segundo, jogou na sua, mas perdeu incrivelmente o que seria o terceiro gol; de uma investida sua nasceu o escanteio do gol da vitória;
 9 Eduardo Sasha 6,5 -  mesmo jogando apenas 10', pois saiu machucado após ter o tornozelo violentamente atingido por Anchico, começou muito bem e participou decisivamente do lance do primeiro gol.
 7 Nilmar 6,5 - voluntarioso no primeiro tempo, cresceu no segundo e provocou a expulsão de Mosquera; uma pena que se machucou no lance e teve de sair, justamente quando crescia na partida.

substitutos:
29 Valdívia -9 7 - desta vez não teve sucesso nas finalizações, mas seu jogo sempre vertical e impetuoso provocou a  chuva de cartões amarelos que resultou em duas decisivas expulsões
12 Alex -7 5,5 - substituiu Nilmar, machucado, errou alguns passes e não se encaixou no jogo, com visível queda de rendimento do time; após a entrada de Rafael Moura, passou para a lateral-esquerda e não comprometeu
11 Rafael Moura -24 6 - jogou 10 minutos e foi brigador, embora não tenha conseguido finalizar; o segundo gol, que parecia ter sido de uma cabeçada sua, na verdade foi contra, de Mina.

treinador:
Diego Aguirre 8 - Mudou o esquema e a postura do Inter no intervalo, acertou na única substituição voluntária e obteve um grande resultado em um jogo no qual o perigoso adversário não conseguiu finalizar nenhuma vez.

sábado, maio 23, 2015

Inter no Brasileirão 2015 - rodadas 02 e 03: Inter x Avaí 1-0; Vasco x Inter 1-1

INTER x AVAÍ 1-0
Beira-Rio
16-5-2015

gol: Vitinho

Inter no 4-2-3-1:
30 Muriel 5,5
 2 Leo 5,5
25 Paulão 6,5
 3 Réver 5,5
16 Alan Ruschel 6,5
 5 Nico Freitas 5,5
 8 Anderson 6,5
28 Taiberson 5
12 Alex 5,5
18 Luque 4
11 Rafael Moura 5

subs:


21 Vitinho -11 6,5
27 Alisson Farias -18 6
39 Eduardo s.n.



VASCO x INTER1-1
São Januário
23-5-2015

gol: Nilmar

Inter no 4-2-3-1:
30 Muriel 6
40 Lucas Marques 5
25 Paulão 6
 3 Réver 5,5
24 Geferson 5,5
 5 Nico Freitas 6
19 Nilton 6
12 Alex 5,5
 8 Anderson 6


16 Alan Ruschel 4,5

 7 Nilmar 6,5
subs:
28 Taiberson -24 5,5
21 Vitinho -7 5
39 Eduardo -40 5,5

Jogo equilibrado no primeiro tempo, com três chances claras de gol para o Inter e duas para o Vasco. Melhor para o Inter, que aproveitou um dos dois ótimos cruzamentos de Nilton para Nilmar no final do primeiro tempo. O volante, no entanto, errou demais na sua função principal, no centro do campo. A destacar a lesão de Geferson no ombro, que obrigou Aguirre a mandar Taiberson em campo e recuar Alan Ruschel para lateral. Embora lógica, essa alteração veio a ter reflexo no placar: aos 22' do segundo tempo, o já amarelado Ruschel vai expulso por desnecessariamente por meter a mão na cabeça de um atacante vascaíno em lance de marcação. Somente a partir daí o Vasco conseguiu pressionar o Inter e, mesmo assim, criou muito pouco, vindo a marcar em lance de escanteio. Empate com reservas, fora de casa, não é ruim, mas o sabor amargo dos dois pontos perdidos sobrepôs-se ao gosto do ponto ganho.

domingo, maio 17, 2015

Figueirense no Brasileirão 2015 - Rodada 02: Figueirense x Vasco 0-0

Pelo menos para quem estava no estádio, foi um daqueles "bons" 0x0, movimentado, com várias chances de gol, embora tecnicamente sem brilho. Jogo mais aberto no primeiro tempo, com Vasco superior, mas chances de ambos os lados e destaques para defesas dos goleiros. Segundo tempo todo do Figueirense, com várias situações de gol que não se confirmaram por falta de um pouco mais de qualidade técnica dos seus atacantes. Além disso, faz falta ao Figueira uma meia-cancha mais parecida com a do ano passado, que além de marcar, tinha produção de jogo e certa criatividade, além de opções no banco.

Figueirense (4-1-3-2): Alex Muralha 7, Leandro Silva 6, Marquinhos 5, Thiago Heleno 6 e Cereceda 5,5; Paulo Roberto 6,5; Fabinho 6, Yago 5 (Mazola 5) e Marquinhos Pedroso 6,5; Everaldo 5,5 (Marcão 5) e Cleiton 6,5 (Dudu 6).

segunda-feira, maio 11, 2015

Inter no Brasileirão 2015 - rodada 01: Atlético PR x Inter 3-0

Sem Nico (suspenso), Nilton (depto médico) e o time principal poupado para a Libertadores, Aguirre usou um misto de segundo com terceiro time na Arena da Baixada (ver observação). Contrariamente ao que o placar faz pensar, não houve um domínio atleticano, que aproveitou bem a única chance que teve no início do jogo. Até por estar atrás no placar, Inter teve mais volume de jogo em quase toda a partida: 56%  posse de bola, 11 escanteios contra 2, 15 finalizações contra 10, três bolas na trave e 22 cruzamentos contra 12 (6 certos contra 2). Há ainda de se considerar que o segundo gol nasceu de um pênalti bobo em lance isolado e sem nenhum perigo, e o terceiro de uma dupla lambança de Paulão, que primeiro comprometeu a linha de impedimento e depois fez um "golaço" contra tentando alopradamente cortar um cruzamento. Assim, em que pese uma má partida decorrente principalmente da falta de entrosamento e da péssima atuação de alguns jogadores, ainda que com o desconto de um gramado em má condições, esse mesmo time tinha total condições de ter obtido melhor resultado contra o fraco e Walter-dependente Furacão. Não contesto a escolha por poupar. Teríamos tido maior probabilidade de vitória com alguns titulares, como ficou claro após o slato de rendimento com as entradas de Valdívia e Alex. Mas, até aqui o rodízio vem funcionando e não é por uma partida carregada de lances circunstanciais que devemos desacreditar a decisão do treinador.

Alisson 6
Léo 5
Paulão 3
Réver 5,5
Alan Ruschel 6
---------------
Silva 6
Cláudio Winck 4
---------------
Taiberson 5,5
Anderson 5
Vitinho 4
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Rafael Moura 5,5

Alex (por Léo) 6
Valdívia (por Vitinho) 6,5
Alisson Farias (por C. Winck) 6

Observação:
Formações do Inter atualmente, na provável concepção de Aguirre, sem repetir jogadores:

Time A: Alisson, William, Ernando, Juan, Geferson; Dourado, Aránguiz; Sasha, D'Alessandro, Jorge Henrique; Nilmar
Time B: Muriel, Léo, Alan Costa, Réver, Alan Ruschel; Nico Freitas, Nilton; Valdívia, Alex, Taiberson; Lisandro
Time C: incompleto com Dida, Claudio Winck, Paulão, Silva, Anderson, Luque, Vitinho e Rafael Moura.

Portanto, contra o Atlético tivemos o goleiro titular, 4 reservas imediatos e 6 terceiras opções. Mesmo no Gauchão, poucas foram as partidas com "terceiro time"