sábado, dezembro 18, 2010

INTER NO MUNDIAL 2010: curtinhas


  • O principal destaque do Inter nos Emirados foi a presença de seu torcedor. Considerando as variadas estimativas que ouvi nessa semana, entre 5 e 9 mil pessoas coloriram as arquibancadas de vermelho, na maior movimentação trans-oceânica de torcedores da história dos mundiais de clubes, seja na versão Copa do Mundo FIFA, seja na velha Taça Intercontinental.
  • Se o sorteio das chaves tivesse invertido os confrontos, o Inter teria pego os coreanos na semifinal e não teria se ouvido falar em "fiasco", "decepção", "frustração" em Abu Dhabi, mesmo com uma provável derrota para os italianos na final e com exatamente o mesmo futebol insuficiente apresentado pelo time. O futebol é feito de competência e preparação, mas os placares são sempre uma soma de circunstâncias.
  • ranking gaúcho dos mundiais de clubes:
1º - Inter: 1 título, 4 jogos, 3 vitórias, 1 derrota;
2º - Grêmio: 1 título, 2 jogos, 1 vitória na prorrogação, 1 empate com derrota nos pênaltis
PS: aos gremistas que ousarem dizer foram vice-campeões em 95, aviso que o Inter nunca foi o ULTIMO COLOCADO de um mundial.

  • Internazionale x Mazembe:
- o primeiro gol interista, aos 12' minutos, me lembrou o gol perdido por Sóbis aos 11'.
- a Inter jogava até menos do que o Colorado, quando fez o primeiro gol
- um gol na hora certa muda tudo; e não me digam que não tem hora certa pra gol, porque os do Alecsandro são sempre tarde demais
- dois chutes, dois gols interistas; qualidade sim, mas sorte e azar também explicam
- apesar do placar igual, o Mazembe deu mais trabalho à Inter do que o Seongnan, e finalizou mais vezes do que contra o Colorado



INTER NO MUNDIAL 2010: Inter 4x2 Seongnam llwha Chunma

O jogo começou ruim para o Inter, que parecia intranquilo, errava passes e não conseguia reter a bola, deixando com que a posse de bola dos coreanos chegasse a impressionantes 74% aos 12'. Mas aos poucos o Inter se soltou e, mesmo sempre com menos posse de bola, começou a ser mais contundente e chegou naturalmente aos gols. A expulsão de um coreano quando o placar marcava 2x0 facilitou ainda mais as coisas. Mas, depois do quarto gol, o Inter parou de jogar, teve o meio campo desmontado por Celso Roth e acabou, no relaxamento, tomando dois gols no final. O que poderia ser tranquilamente 6x0, acabou 4x2. Goleada, justa, de toda forma.

A destacar fragilidade técnica do time coreano e o fato de que o Inter precisou de 10 arremates para fazer os 3 primeiros gols (18 ao todo), enquanto no jogo anterior foram 23 sem nenhum gol.

Renan 6 - partida tranqüila, uma ótima defesa na única vez em que foi realmente exigido e muita segurança nas poucas intervenções que teve de fazer
Nei 5,5 - muito esforçado, razoável no apoio, uma assistência, mal no posicionamento defensivo
Bolívar 5 - um grande ano que se encerrou com duas atuações irreconhecíveis
Índio 6 - sem falhas em um jogo com pouca exigência
Kléber 5,5 - foi bem no primeiro tempo, caiu muito no segundo
Guiñazú 6 - o mesmo de sempre
Wilson Matias 6 - bem mais discreto do que no primeiro tempo do jogo anterior, mas teve uma boa participação
Rafael Sóbis 6,5 - no primeiro tempo não teve muito sucesso em suas jogadas, mas no segundo, aberto pela direita, fazia uma grande partida até se machucar e ser substituído por Giuliano.
Tinga 7,5 - tão bem como no primeiro tempo do jogo anterior, mas com mais sucesso nas jogadas; autor do primeiro gol numa das várias vezes em que inflitrou-se na área;
D'Alessandro 7 - mais presente e eficiente do que no jogo anterior, fez uma partida boa e premiada com um belo gol de fora da área
Alecsandro 7 - muitos erros banais, como sempre, mas um belo gol, outro gol em impedimento e uma ótima assistência para Tinga; de fato é um artilheiro, pena que artilheiro dos gols inúteis

Giuliano 5 - entou no lugar de Sóbis, embolou o time e errou quase tudo que tentou
Pato Abbondanzieri sn - entrou para uma justa despedida, nao tocou na bola e tomou dois gols sem nenhuma culpa; mas se fosse com Renan, teria pegação no pé
Andrezinho sn - substituiu Wilson Matias no fim e não teve muito tempo para demonstrar futebol, pois dali pra frente o time nao quis mais jogar e ainda ficou muito fragilizado na marcação



INTER NO MUNDIAL 2010: Inter 0 x 2 Mazembe

Claro que ficou o sentimento de frustração. Mas, pelo menos para mim, não foi algo inesperado e muito menos a "maior decepção" do torcedor colorado ou o "maior fiasco da história do Inter". Eu fiquei muito mais decepcionado com o verdadeiro fiasco de levar 4 do Juventude numa semi-final de Copa do Brasil, dentro de um Beira-Rio com 65 mil pessoas, numa maldita noite de chuva. Ainda houve as derrotas em casa para Bahia e Olímpia em 89 e certamente outros momentos bem piores, de quem nem lembro agora. E quando ao futebol gaúcho, fiasco é cair pra segunda divisão e vender o DVD da Batalha dos Aflitos como documentário de uma vitória da valentia, heheheheheheheh.

O Inter até nem jogou tão mal assim. Jogou melhor que o Mazembe, mas não teve pontaria. Foram 23 finalizações sem sucesso. Contra o Seongnan, a Inter italiana finalizou apenas 7 vezes, mas fez 3 gols, o primeiro deles aos 2 minutos do primeiro tempo. Se Rafael Sóbis tivesse feito aquele gol imperdível aos 11 minutos, provavelmente o jogo teria tido o mesmo resultado da outra semifinal. Nada de zebras. De todo modo, o Inter contra o Mazembe foi rigorosamente igual ao do último terço do campeonato brasileiro. Faltou futebol, sim, mas também faltou sorte. Sorte que teve em 2006, quando tudo deu certo contra o Barcelona. Roth mexeu muito mal no time, alguns jogadores renderam menos do que se esperava e o talismã Giuliano desta vez não resolveu. Mas o pior de tudo foi ter ido aos Emirados com Alecsandro e Leandro Damião como únicas soluções para a camisa 9. Sabia-se que eram insuficientes há um ano inteiro.

Renan 5,5 - Foi bem em todas as pequenas intervenções que teve de fazer e em duas ou três defesas seguras, mas o segundo gol não era indefensável.

Nei 4,5 - Apareceu bastante no apoio, mas errou passes e não acertou cruzamentos, além de alguns erros, como sempre, no posicionamento defensivo.

Bolívar 5 - Falhou no primeiro gol e sofreu com a velocidade de Kaluyituka no primeiro tempo

Índio 5,5 - Também falhou no primeiro gol, mas de resto fez uma partida discreta e correta, sem muitas exigências

Kléber 6 - Foi muito criticado pela imprensa, mas para mim foi um dos melhores do meio para frente. Perde meio ponto por ter marcado mal o jogador que deu a assistência, de cabeça, para Kabangu fazer o primeiro gol

Guiñazú 6 - Não teve falhas, marcou bastante, foi o guerreiro de sempre e errou poucos passes. Discreto e trabalhador.

Wilson Mathias 6,5 - Fez sua melhor partida do Inter, roubando bola, passando bem e com velocidade e ainda procurando chegar à frente para concluir.

D'Alessandro 5,5 - Começou discreto, tímido, parecia sentir o peso da competição. Foi melhorando ao longo do jogo, apesar de 2 ou 3 passes errados imperdoáveis. Melhorou quando foi jogar aberto na esquerda, mas acabou errando feio uma finalização da marca do pênalti após uma cobrança esperta de escanteio, o que lhe desconta meio ponto.

Tinga 6,5 - Fez um primeiro tempo muito bom, com bastante movimentação, acerto nos passes e entrada na área. Caiu um pouco no segundo tempo e foi substituído muito cedo, incorretamente.

Rafael Sóbis 6 - Talvez tenha sido o melhor jogador do Inter, com muita movimentação e 3 conclusões muito perigosas, mas uma delas um erro imperdoável, cara a cara com o goleiro Kidiaba. Não deveria ter saído para a entrada de Giuliano.

Alecsandro 4,5 - De bom apenas o cruzamento para Sóbis perder um gol incrível. Foi substituído por Leandro Damião no segundo tempo.

Leandro Damião 4 - Teve contribuição ainda menos expressiva que Alecsandro que, pelo menos, se movimentou mais.

Giuliano 5,5 - Não entrou mal, mas não contribuiu mais do que Tinga. Teve a segunda melhor chance de gol do Inter, quando o empate levaria à prorrogação. Mas precipitou-se em finalizar sem olhar para o gol e chutou nas mãos do goleiro, sozinho com ele dentro da área.

Oscar 5,5 - Mostra que tem um talento a ser lapidado e protegido e, justo por isso, jamais deveria ter entrado no lugar de Sóbis naquele momento crítico do jogo. Movimentou-se, mas absoluamente sem sucesso.




terça-feira, dezembro 14, 2010

INTER NO MUNDIAL 2010: 2006 x 2010

Acho que o Inter do mundial de 2010 é melhor tecnicamente do que o do mundial de 2006. Time bom em 2006 era o da Libertadores e, mesmo assim, só jogou bem mesmo a primeira final contra o São Paulo. O deste ano, não foi muito diferente, pois o caminho trilhado na Libertadores foi cheio de trancos e barrancos, tendo convencido mesmo apenas nas duas partidas contra São Paulo e na primeira contra o Chivas.

Vejamos um comparativo técnico entre 2006 x 2010 nome a nome:
Clemer x Renan: Renan, ligeiramente
Ceará x Nei: Ceará, disparado
Índio x Bolívar: Bolívar, tranquilamente
Fabiano Eller x Índio: Fabiano Eller, tranquilamente
Rubens Cardozo x Kléber: Kléber, disparado
Edinho x Guinãzú: Guinãzú, mais do que disparado
W. Monteiro x W. Mathias: empate
Alex x Tinga: Tinga, disparado (aquele Alex estava muito mal, nada a ver com o Alex de 2008)
Fernandão x D'Alessandro: D'Alessandro (seria empate, mas Fernandão jogou muito mais pra marcar do que para atacar)
Iarley x Sóbis: empate (gosto mais do Sóbis, mas Iarley estava em grande fase)
Pato x Alecsandro: Pato

resultado: 6 de 2010, 3 de 2006 e 2 empates

INTER NO MUNDIAL 2010: comentário inicial

Surpreende-me grande parte da imprensa brasileira dar como favas contadas a passagem do Inter à final, com se o Mazembe não existisse, mas, muito mais ainda, o favoritismo sobre a Internazionale. Dizem que a Inter italiana está muito mal, em sétimo lugar no campeonato nacional. Mas em que posição ficou o Inter brasileiro no nacional? E que bola o colorado andou jogando nas últimas 10 partidas do nacional? Bola pra cá, bola pra lá, domínio da posse de bola, iniciativa e uma grande dificuldade de fazer gols. Time por time, elenco por elenco, fase por fase, a Inter de Milão ainda é tão favorita quanto qualquer campeão europeu sempre tem sido contra o campeão sul-americano.

Mas quero falar do Mazembe, hoje. Depois de ver a partida contra o Pachuca, fiquei com a impressão de que os mexicanos seriam um adversário mais fácil. Primeiro que o Inter tem larga tradição de bater com facilidade equipes mexicanas. Depois, o Pachuca apresentou aquele velho futebol de toque-toque e pouca velocidade do futebol mexicano, com uma defesa fisicamente fraca e pouca estatura do meio para a frente. Além disso, me pareceram bem abaixo dos africanos no preparo físico. O Mazembe pode até não amedrontar, especialmente no quesito técnica individual, mas em jogos de mata-ou-morre, uma soma de circunstâncias favoráveis a um e desfavoráveis a outro podem levar a zebras. Isso ocorre com certa freqüência. Veja o própria Inter de 2006 contra o Barcelona. O Mazembe tem mais estatura, força e preparo físico que o Pachuca e, num jogo em que as coisas não andem bem técnica e taticamente para o Inter, isso pode fazer a diferença. Além disso, ao menos contra o Pachuca, os congoleses revelaram facilidade em chutar forte a média e longa distância e domínio da bola alta, ponto em que o Inter não é muito seguro, mas onde times mexicanos não servem como boa referência.

Os congoleses usam dois jogadores agudos pelos lados do campo, Kabangu e Singuluma, o que pode fazer com que nossos laterais fiquem mais presos. Preocupa-me especialmente o lado direito, pois Nei tem dificuldades de posicionamento defensivo contra jogadores velozes. O centroavante não é alto, mas movimenta-se bastante. Os laterais são fracos, embora apoiem bastante. Contra o Pachuca, eles impuseram o seu ritmo e, principalmente no primeiro tempo, o seu posicionamento tático, marcando o Pachuca além do meio campo e procurando dominar as ações ofensivas. Acredito que não joguem retrancados contra o Inter, o que pode favorecer os pontos fortes colorados, que são a qualidade técnica do trio Sobis-Tinga-D'Alessandro, apoiados por Kleber, e a grande capacidade de tocar a bola em progressão ofensiva quando há espaços. Caso o Inter consiga tocar rápida e verticalmente a bola, os africanos terão de arriscar muito o combate direto e nisso eles são muito mais "estabanados" que jogadores europeus e sul-americanos. Com uma arbitragem rigorosa, cartões em profusão podem facilitar a vida do Inter. Contra o Pachuca, ao serem pressionados levaram 4 cartões em cerca de 15 minutos.

Talvez o Mazembe não seja nem pior nem melhor que a média dos times do interior gaúcho. Contra quem, todos os anos, Inter e Grêmio sempre perdem alguns pontos. Portanto, não são favas contadas.

Palpite: Inter 2 x 1.