terça-feira, dezembro 14, 2010

INTER NO MUNDIAL 2010: comentário inicial

Surpreende-me grande parte da imprensa brasileira dar como favas contadas a passagem do Inter à final, com se o Mazembe não existisse, mas, muito mais ainda, o favoritismo sobre a Internazionale. Dizem que a Inter italiana está muito mal, em sétimo lugar no campeonato nacional. Mas em que posição ficou o Inter brasileiro no nacional? E que bola o colorado andou jogando nas últimas 10 partidas do nacional? Bola pra cá, bola pra lá, domínio da posse de bola, iniciativa e uma grande dificuldade de fazer gols. Time por time, elenco por elenco, fase por fase, a Inter de Milão ainda é tão favorita quanto qualquer campeão europeu sempre tem sido contra o campeão sul-americano.

Mas quero falar do Mazembe, hoje. Depois de ver a partida contra o Pachuca, fiquei com a impressão de que os mexicanos seriam um adversário mais fácil. Primeiro que o Inter tem larga tradição de bater com facilidade equipes mexicanas. Depois, o Pachuca apresentou aquele velho futebol de toque-toque e pouca velocidade do futebol mexicano, com uma defesa fisicamente fraca e pouca estatura do meio para a frente. Além disso, me pareceram bem abaixo dos africanos no preparo físico. O Mazembe pode até não amedrontar, especialmente no quesito técnica individual, mas em jogos de mata-ou-morre, uma soma de circunstâncias favoráveis a um e desfavoráveis a outro podem levar a zebras. Isso ocorre com certa freqüência. Veja o própria Inter de 2006 contra o Barcelona. O Mazembe tem mais estatura, força e preparo físico que o Pachuca e, num jogo em que as coisas não andem bem técnica e taticamente para o Inter, isso pode fazer a diferença. Além disso, ao menos contra o Pachuca, os congoleses revelaram facilidade em chutar forte a média e longa distância e domínio da bola alta, ponto em que o Inter não é muito seguro, mas onde times mexicanos não servem como boa referência.

Os congoleses usam dois jogadores agudos pelos lados do campo, Kabangu e Singuluma, o que pode fazer com que nossos laterais fiquem mais presos. Preocupa-me especialmente o lado direito, pois Nei tem dificuldades de posicionamento defensivo contra jogadores velozes. O centroavante não é alto, mas movimenta-se bastante. Os laterais são fracos, embora apoiem bastante. Contra o Pachuca, eles impuseram o seu ritmo e, principalmente no primeiro tempo, o seu posicionamento tático, marcando o Pachuca além do meio campo e procurando dominar as ações ofensivas. Acredito que não joguem retrancados contra o Inter, o que pode favorecer os pontos fortes colorados, que são a qualidade técnica do trio Sobis-Tinga-D'Alessandro, apoiados por Kleber, e a grande capacidade de tocar a bola em progressão ofensiva quando há espaços. Caso o Inter consiga tocar rápida e verticalmente a bola, os africanos terão de arriscar muito o combate direto e nisso eles são muito mais "estabanados" que jogadores europeus e sul-americanos. Com uma arbitragem rigorosa, cartões em profusão podem facilitar a vida do Inter. Contra o Pachuca, ao serem pressionados levaram 4 cartões em cerca de 15 minutos.

Talvez o Mazembe não seja nem pior nem melhor que a média dos times do interior gaúcho. Contra quem, todos os anos, Inter e Grêmio sempre perdem alguns pontos. Portanto, não são favas contadas.

Palpite: Inter 2 x 1.

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