segunda-feira, agosto 17, 2015

Atuação de Alex contra o Fluminense na 18ª rodada do Brasileirão 2015


Tendo chegado em casa tarde e ligado a TV aos 14', depois me envolvendo em pedido de pizza e entrega de pizza, além de outras coisas caseiras, só consegui ver com atenção mesmo o segundo tempo de Inter x Fluminense. Chamou minha atenção o que teria sido uma boa atuação do Alex, pelo menos até ele ter sido transferido - erradamente - para a lateral-esquerda aos 32', com algumas boas finalizações, boa movimentação e uma grande quantidade de excelentes passes, especialmente para colocar Geferson em posição de cruzamento. Eis que, no grupo de whatsapp de colorados, alguns amigos e amigas detonaram a atuação de Alex, apenas um concordou comigo e outros não se empolgaram, preferindo exaltar a atuação de Nílton, escolhido o melhor em campo por uma de nossas rádios (ver próxima postagem).
Como sempre digo, estatísticas não explicam tudo, mas ajudam. E acho que meus olhos não estavam enganados. Entendo que naqueles 32 minutos Alex fez disparadamente sua melhor atuação fora do Gauchão. O quanto foi por conta do Fluminense ter tudo um jogador expulso no início do segundo tempo, não dá pra saber. Mas que foi bem, foi, e mereceu uma nota 6,5 na minha planilha, mesmo antes de fazer a análise a partir dos gráficos e números que encontrei no www.squawka.com.

Atuação do Alex nos primeiros 30' do segundo tempo:
Como mostram as figuras abaixo, Alex finalizou três vezes, uma para fora e duas certas, numa delas obrigando Cavalieri a espalmar para escanteio. Cobrou 4 escanteios, dos quais um resultou em finalização em gol, e fez mais um cruzamento, correto, da intermediária (pela posição, possivelmente de bola parada). Mas o que chama mesmo atenção são os passes. De 19 passes, somente 1 errado, e 4 deles longos, em profundidade, para a ponta esquerda.


índice índice2índice4
Atuação do Alex no primeiro tempo:
De fato, a atuação do paranaense foi inferior no primeiro tempo. Apenas uma finalização, e para fora. Um único cruzamento certo em 5 tentativas, ainda que criando uma finalização. Nos passes, 7 erros em 24 tentativas e, como se vê claramente na figura, raros passes em profundidade, muitos passes para o lado e para trás. Mas interessante perceber como Alex não se concentrou numa zona restrita do campo, alternando de lado constantemente: foram 7 passes/cruzamentos pela faixa esquerda, 11 pela direita e 12 pelo centro.
índice6índice5
  índice3


Comparando com o Alex de outros jogos:
Para validar a análise feita com base no scout técnico do Squawka, procurei comparar o que descrevi acima com os dados de duas partidas em que, pela pura observação na televisão, dei nota 5 a Alex. Na recente partida contra a Ponte Preta, em que jogou apenas os primeiros 45 minutos, Alex de um solitário chute a gol e passou a bola apenas 15 vezes, errando 4. Mas chama ainda mais atenção é que apenas 6 passes partiram da metade ofensiva do campo e tão somente dois no terço final, onde o jogo de decide. Apenas um desses passe e um cruzamento de bola parada resultaram em finalizações, bem como um dos três escanteios cobrados. Já no empate contra o Palmeiras, Alex jogou 60 minutos e teve um desempenho ainda mais fraco. Nenhum drible, nenhum cruzamento, nenhum chute a gol e tampouco alguma finalização permitida por algum de seus exíguos 16 passes certos em 21 tentativas. Embora mais presente no campo de ataque do que no jogo contra a Ponte, impressiona negativamente que apenas 4 passes no campo de ataque foram dados para a frente. No final da análise, passei a achar que a nota 5 foi - em ambas as partidas - benevolência da minha parte.
Mas o legal mesmo foi constatar que, pelo menos nessas três partidas, teria sido possível diferenciar uma atuação melhor do que as outras somente pelo scout computadorizado fornecido pela Opta ao squawka.com e tantos outros clientes.
alex2
alex1

domingo, agosto 16, 2015

Primeiras considerações sobre Argel

Argel fez um trabalho muito bom no Figueirense e se credenciou a saltar para o andar de cima do futebol brasileiro. Ao que parece, aprendeu a se relacionar melhor com os jogadores, embora com a imprensa ainda não consiga fugir muito do "estilo Dunga". Tem empregado o 4-3-3 ou 4-4-2 preferencialmente, embora ano passado tenha usado muito o 4-2-3-1. Em 2015, com jogadores menos qualificados no meio campo, que não lhe davam o mesmo poderio ofensivo do ano passado, Argel montou um time que espera mais e parte em contra-ataques, ainda que no Scarpelli quase sempre consiga ser o time que dá as cartas na partida. Parece ter uma boa leitura tática, embora não passe impressão de mais conservadorismo no estilo de dispor o time em campo. Preferiria que outro time grande tivesse experimentado Argel primeiro. Fará falta ao Figueirense, com toda certeza, mas não ponho tantas fichas na possibilidade de repetir os passos de Muricy, que saiu do Scarpelli para despontar como grande técnico no Beira-Rio e seguir uma carreira de sucesso por praticamente uma década.
 
Segundo a rádio Gaúcha, em sua estreia no Colorado, Argel mandará a campo o time da figura abaixo. Exatamente como vinha fazendo no Figueira, uma meia-cancha com 3 volantes, com um meia ofensivo logo atrás da dupla de ataque. É um 4-4-2 em losango, com muita cara de 4-3-1-2. O esquema em si, é o menor dos problemas. 

 

A questão é que não vejo nessa formação jogadores com as mesmas características dos utilizados por ele no Figueirense. No alvinegro, a bola passa muito pelo vértice baixo do meio-campo, Paulo Roberto, que embora eu ache fraco, é tecnicamente melhor do que Nico. Com isso, é quase certo que o Inter terá sérios problemas na saída de jogo, a não ser que a mecânica de jogo seja bem diferente do que vejo no Scarpelli. Os outros dois volantes que compõem o "V" no Figueira normalmente são jogadores de melhor qualidade técnica ou pelo menos de mais velocidade, pois fazem o vai-e-vem pelos lados. Em boa parte do brasileiro, Fabinho pela direita e Marquinhos Pedroso (originalmente lateral) pela esquerda, e mais recentemente João Vitor pela direita e Fabinho do outro lado. Jogadores bem diferentes de Nilton e Dourado. 

Não acredito em bom rendimento desse time escalado no treino. Embora escalação e esquema não mostrem a mecânica de jogo nem a estratégia a ser usada, seu meio de campo tem baixíssima capacidade de saída de jogo e manutenção de posse de bola. Pode ser que Argel posicione o Inter para marcar mais baixo, esperar e jogar no erro do Cruzeiro. Como a raposa também não vem em boa fase, não duvidaria que a velocidade e boa qualidade de finalização do trio ofensivo tenha sucesso no ataque. Mas, com um meio desprovido de passadores e defensores que não tem por característica o lançamento longo com qualidade (com Réver teríamos um pouco mais), fica difícil entender quem vai fazer a bola chegar aos atacantes. 

Acho que essa escalação é emergencial e mudará muito em pouco tempo. Argel vai conhecer melhor os jogadores aos poucos, e encontrar tanto o melhor esquema quanto a melhor escalação. Acredito que com a volta de Wellington, este sim talhado para a função de volante lateral, Dourado fique como pivô e Nilton e Anderson briguem pela posição de volante esquerdo, como na próxima figura.

  
Retornando à disponibilidade, talvez Alex seja outra opção como volante esquerdo, além da reserva imediata de D'Ale como "enganche".  Assim, Valdívia deve ser adiantado ao ataque no lugar de Vitinho, ou será reserva de Lisandro e Sasha. No Figueira, Argel quase sempre usou um centroavante de área (Marcão) com um ou dois atacantes de movimentação (Clayton, Mazola, Pablo, Tiago Santana), conforme a opção pelo 4-4-2 ou pelo 4-3-3. Com Lisandro fora, Rafael Moura seria a única escolha para manter a forma de jogo usada em Floripa. Mas a alternativa de usar dois jogadores de movimentação contra o Cruzeiro pode estar revelando mais do que uma opção técnica desfavorável ao He-Man, mas talvez uma ideia de futuramente aproveitá-los para a marcação dos laterais adversários, deixando D'Alessandro mais livre de funções defensivas. É o que se apresenta na figura abaixo, como posicionamento sem posse de bola.