domingo, agosto 16, 2015

Primeiras considerações sobre Argel

Argel fez um trabalho muito bom no Figueirense e se credenciou a saltar para o andar de cima do futebol brasileiro. Ao que parece, aprendeu a se relacionar melhor com os jogadores, embora com a imprensa ainda não consiga fugir muito do "estilo Dunga". Tem empregado o 4-3-3 ou 4-4-2 preferencialmente, embora ano passado tenha usado muito o 4-2-3-1. Em 2015, com jogadores menos qualificados no meio campo, que não lhe davam o mesmo poderio ofensivo do ano passado, Argel montou um time que espera mais e parte em contra-ataques, ainda que no Scarpelli quase sempre consiga ser o time que dá as cartas na partida. Parece ter uma boa leitura tática, embora não passe impressão de mais conservadorismo no estilo de dispor o time em campo. Preferiria que outro time grande tivesse experimentado Argel primeiro. Fará falta ao Figueirense, com toda certeza, mas não ponho tantas fichas na possibilidade de repetir os passos de Muricy, que saiu do Scarpelli para despontar como grande técnico no Beira-Rio e seguir uma carreira de sucesso por praticamente uma década.
 
Segundo a rádio Gaúcha, em sua estreia no Colorado, Argel mandará a campo o time da figura abaixo. Exatamente como vinha fazendo no Figueira, uma meia-cancha com 3 volantes, com um meia ofensivo logo atrás da dupla de ataque. É um 4-4-2 em losango, com muita cara de 4-3-1-2. O esquema em si, é o menor dos problemas. 

 

A questão é que não vejo nessa formação jogadores com as mesmas características dos utilizados por ele no Figueirense. No alvinegro, a bola passa muito pelo vértice baixo do meio-campo, Paulo Roberto, que embora eu ache fraco, é tecnicamente melhor do que Nico. Com isso, é quase certo que o Inter terá sérios problemas na saída de jogo, a não ser que a mecânica de jogo seja bem diferente do que vejo no Scarpelli. Os outros dois volantes que compõem o "V" no Figueira normalmente são jogadores de melhor qualidade técnica ou pelo menos de mais velocidade, pois fazem o vai-e-vem pelos lados. Em boa parte do brasileiro, Fabinho pela direita e Marquinhos Pedroso (originalmente lateral) pela esquerda, e mais recentemente João Vitor pela direita e Fabinho do outro lado. Jogadores bem diferentes de Nilton e Dourado. 

Não acredito em bom rendimento desse time escalado no treino. Embora escalação e esquema não mostrem a mecânica de jogo nem a estratégia a ser usada, seu meio de campo tem baixíssima capacidade de saída de jogo e manutenção de posse de bola. Pode ser que Argel posicione o Inter para marcar mais baixo, esperar e jogar no erro do Cruzeiro. Como a raposa também não vem em boa fase, não duvidaria que a velocidade e boa qualidade de finalização do trio ofensivo tenha sucesso no ataque. Mas, com um meio desprovido de passadores e defensores que não tem por característica o lançamento longo com qualidade (com Réver teríamos um pouco mais), fica difícil entender quem vai fazer a bola chegar aos atacantes. 

Acho que essa escalação é emergencial e mudará muito em pouco tempo. Argel vai conhecer melhor os jogadores aos poucos, e encontrar tanto o melhor esquema quanto a melhor escalação. Acredito que com a volta de Wellington, este sim talhado para a função de volante lateral, Dourado fique como pivô e Nilton e Anderson briguem pela posição de volante esquerdo, como na próxima figura.

  
Retornando à disponibilidade, talvez Alex seja outra opção como volante esquerdo, além da reserva imediata de D'Ale como "enganche".  Assim, Valdívia deve ser adiantado ao ataque no lugar de Vitinho, ou será reserva de Lisandro e Sasha. No Figueira, Argel quase sempre usou um centroavante de área (Marcão) com um ou dois atacantes de movimentação (Clayton, Mazola, Pablo, Tiago Santana), conforme a opção pelo 4-4-2 ou pelo 4-3-3. Com Lisandro fora, Rafael Moura seria a única escolha para manter a forma de jogo usada em Floripa. Mas a alternativa de usar dois jogadores de movimentação contra o Cruzeiro pode estar revelando mais do que uma opção técnica desfavorável ao He-Man, mas talvez uma ideia de futuramente aproveitá-los para a marcação dos laterais adversários, deixando D'Alessandro mais livre de funções defensivas. É o que se apresenta na figura abaixo, como posicionamento sem posse de bola.

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