Argel fez um trabalho muito bom no
Figueirense e se credenciou a saltar para o andar de cima do futebol
brasileiro. Ao que parece, aprendeu a se relacionar melhor com os
jogadores, embora com a imprensa ainda não consiga fugir muito do
"estilo Dunga". Tem empregado o 4-3-3 ou 4-4-2 preferencialmente, embora
ano passado tenha usado muito o 4-2-3-1. Em 2015, com jogadores menos
qualificados no meio campo, que não lhe davam o mesmo poderio ofensivo
do ano passado, Argel montou um time que espera mais e parte em
contra-ataques, ainda que no Scarpelli quase sempre consiga ser o time
que dá as cartas na partida. Parece ter uma boa leitura tática, embora
não passe impressão de mais conservadorismo no estilo de dispor o time
em campo. Preferiria que outro time grande tivesse experimentado Argel
primeiro. Fará falta ao Figueirense, com toda certeza, mas não ponho
tantas fichas na possibilidade de repetir os passos de Muricy, que saiu
do Scarpelli para despontar como grande técnico no Beira-Rio e seguir
uma carreira de sucesso por praticamente uma década.
Segundo
a rádio Gaúcha, em sua estreia no Colorado, Argel mandará a campo o
time da figura abaixo. Exatamente como vinha fazendo no Figueira, uma
meia-cancha com 3 volantes, com um meia ofensivo logo atrás da dupla de
ataque. É um 4-4-2 em losango, com muita cara de 4-3-1-2. O esquema em
si, é o menor dos problemas.
A
questão é que não vejo nessa formação jogadores com as mesmas
características dos utilizados por ele no Figueirense. No alvinegro, a
bola passa muito pelo vértice baixo do meio-campo, Paulo Roberto, que
embora eu ache fraco, é tecnicamente melhor do que Nico. Com isso, é
quase certo que o Inter terá sérios problemas na saída de jogo, a não
ser que a mecânica de jogo seja bem diferente do que vejo no Scarpelli.
Os outros dois volantes que compõem o "V" no Figueira normalmente são
jogadores de melhor qualidade técnica ou pelo menos de mais velocidade,
pois fazem o vai-e-vem pelos lados. Em boa parte do brasileiro, Fabinho
pela direita e Marquinhos Pedroso (originalmente lateral) pela esquerda,
e mais recentemente João Vitor pela direita e Fabinho do outro lado.
Jogadores bem diferentes de Nilton e Dourado.
Não
acredito em bom rendimento desse time escalado no treino. Embora
escalação e esquema não mostrem a mecânica de jogo nem a estratégia a
ser usada, seu meio de campo tem baixíssima capacidade de saída de jogo e
manutenção de posse de bola. Pode ser que Argel posicione o Inter para
marcar mais baixo, esperar e jogar no erro do Cruzeiro. Como a raposa
também não vem em boa fase, não duvidaria que a velocidade e boa
qualidade de finalização do trio ofensivo tenha sucesso no ataque. Mas,
com um meio desprovido de passadores e defensores que não tem por
característica o lançamento longo com qualidade (com Réver teríamos um
pouco mais), fica difícil entender quem vai fazer a bola chegar aos
atacantes.
Retornando
à disponibilidade, talvez Alex seja outra opção como volante
esquerdo, além da reserva imediata de D'Ale como "enganche". Assim,
Valdívia deve ser adiantado ao ataque no lugar de Vitinho, ou será
reserva de Lisandro e Sasha. No Figueira, Argel quase sempre usou um
centroavante de área (Marcão) com um ou dois atacantes de movimentação
(Clayton, Mazola, Pablo, Tiago Santana), conforme a opção pelo 4-4-2 ou
pelo 4-3-3. Com Lisandro fora, Rafael Moura seria a única escolha para
manter a forma de jogo usada em Floripa. Mas a alternativa de usar dois
jogadores de movimentação contra o Cruzeiro pode estar revelando mais do
que uma opção técnica desfavorável ao He-Man, mas talvez uma ideia de
futuramente aproveitá-los para a marcação dos laterais adversários,
deixando D'Alessandro mais livre de funções defensivas. É o que se
apresenta na figura abaixo, como posicionamento sem posse de bola.
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