quinta-feira, abril 16, 2015

La U x Inter: análise prévia

  • O grupo escolhido para a viagem a Santiago:
    • Imprensa, em tom de corneta, destaca que três importantes reforços contratados para 2015 ficaram em Porto Alegre: Nilton, Vitinho e Anderson. Embora eu preferisse Vitinho a Luque, acho que Aguirre não pode ser criticado via chavões e sofismas desse tipo. 
    • Guerrinha e Wianey não entendem como Nilton, "o melhor em campo contra o Brasil", não foi escolhido. Em primeiro lugar, não acho que Nílton tenha jogado algo mais do que uma discreta e comum nota 6, que é o máximo que conseguiu em todo o ano. E, ainda, deve-se considerar que jogamos com um time reserva, contra um adversário limitado e nem sequer ganhamos. Taticamente falando, Aguirre já deu mostras que concorda com a avaliação da maior parte da imprensa e torcida de que Nilton é segundo e não primeiro volante. Pois bem, Nico é o reserva de Dourado e Nilton seria de Aránguiz. Mas, nesse caso, uma eventual lesão ou má partida do chileno pode ser remediada atrasando Jorge Henrique. Cabe lembrar que o banco não é infinito na Libertadores e o treinador precisa fazer escolhas. 
    • Vitinho fez uma grande estreia do ponto de vista técnico e depois não mais se confirmou. É possível que seu momento de ostracismo seja um gelo por comportamento, mas independentemente disso, mesmo em sua grande estreia já ficou evidente que até Luque consegue fazer melhor a fase defensiva que exige a posição de "winger" do 4-2-3-1.
    • Finalmente, embora eu tenha esperança que Anderson ainda vá se tornar em grande figura do Inter, é inegável que o futebol apresentado até aqui é irregular e, na média, abaixo do exigido para tirar lugar de D'Alessandro, Sasha, Jorge Henrique, Aránguiz, Alex ou até mesmo do peladeiro mas promissor Valdívia.
  • Jorge Henrique:
    •  Nunca me associei às críticas mais ferozes contra esse jogador, que me encheu os olhos quando jogava no Santa Cruz, teve ótimo desempenho no Botafogo e foi figura importante num Corinthians vencedor. Teve uma fase ruim no Inter, tida como consequência de comportamentos pouco profissionais, mas superou. Começou a vida como atacante e foi se transformando num jogador polivalente e taticamente muito dúctil. Características que fazem nossa imprensa cair constantemente em contradição. Quando o futebol brasileiro perde, ouvimos e lemos odes ao futebol moderno dos europeus, com jogadores multifuncionais e treinadores experts em tática. Mas, quando é com Jorge Henrique, o que lemos e ouvimos é mais um chavão: "jogador que joga em todas, não joga em nenhuma". Jorge Henrique pode não ser craque, pode até não ter nível para ser titular num time ideal, mas na comparação com outros volantes que temos, dá muito mais qualidade e velocidade na saída de bola, tem uma boa finalização e não marca menos. Pra marcar bem não precisa ser grande, ruim de passe e dar carrinhos. Até porque a maioria dos carrinhos dados por jogadores grandes, toscos e tidos por grandes marcadores são dados no ar ou nas pernas do adversário, por falta de velocidade, agilidade, inteligência ou posicionamento. Marcação é posicionamento. E isso o bom jogador pode ter mais, menos ou igual a qualquer "volantão".
  • Esquema tático:
    • Aguirre iniciou o ano com o 4-2-3-1 que Abel havia deixado debaixo de críticas, experimentou o 4-1-4-1, passou rapidamente pelo 4-4-2, testou e abandonou o 3-5-2 e parece ter regressado definitivamente ao 4-2-3-1. Embora em minha análise o que melhor funcionou foi o 4-4-2 e que, na ausência de laterais direitos de origem, talvez devêssemos estar a 30 dias treinando no 3-5-2,  ninguém melhor do que o treinador para entender qual é o melhor esquema. Especialmente porque, o esquema não depende somente dos seus jogadores, mas também de como o adversário se apresenta. Nesse aspecto não posso falar muito, pois não estudei a Universidad de Chile. 
    • Mas posso fazer algumas considerações sobre a escolha pela ótica única do próprio time. Se por um lado não temos lateral direito e o esquerdo, embora seja uma boa promessa, falhou grosseiramente na defesa nas duas última partidas, por outro é sabido que nossos zagueiros não são adequados para o 3-5-2. Talvez isso tenha ficado escancarado para Aguirre em suas experiências nesse sistema. Defendo o 4-4-2 por ser mais simples, pela compactação defensiva dada pelas famosas "duas linhas de 4" e por ser facilmente transformável num 4-3-3 ou num brasileiríssimo 4-2-2-2, sem troca de jogadores. No caso específico do Inter, uma formação com D'Ale, Aranguiz, Dourado e Jorge Henrique daria, como maior ganho, a aproximação de Sasha a Nilmar. Evidentemente que sempre há um ponto fraco que, neste caso, seria a necessidade de D'Ale ter que recuar aberto pela direita para compor uma linha junto dos chamados volantes.
    • Para o jogo de hoje, imprensa informou que Inter treinou no 4-2-3-1, com Jorge Henrique jogou pela e Sasha pela direita, com D'Ale centralizado. Isso é interessante porque mantém D'Ale menos preocupada com recomposição defensiva e numa zona do campo onde pode ser mais decisivo, mas pode-se perder a aproximação de Sasha a Nilmar. Porém, como percebi em outras partidas, como contra Emelec no Beira-Rio, pode ser que haja uma rotação de jogadores nas transições. No caso de hoje, isso seria feito com Sasha emparelhando com Nilmar na frente, Aránguiz entrando pela direita e Jorge Henrique retornando à posição de volante pelo lado esquerdo, ao lado de Dourado, com a passagem de Géferson. 
    • O que escrevo pode estar total ou parcialmente errado se a escolha de Sasha pela direita estiver relacionada mais às fragilidades defensivas ou méritos ofensivos de jogadores e setores do adversário, claro.
  • Sasha:
    • Ao contrário de comentaristas que dizem que Sasha rende mais pela esquerda, acho que o lado é indiferente para ele. No Goiás de 2013, Sasha foi grande figura jogando como atacante ou mesmo ala do 3-5-2 justamente pela direita. Em alguns jogos do Inter neste ano, ele foi importante em cruzamentos desde a direita. Além disso, se a ideia de Aguirre for a de formar um tandem de ataque quando o Inter tiver a posse de bola, o lado do campo fará ainda menos diferença.
  • Visão geral:
    • Acho que a escalação é a melhor que temos, considerando que Réver não esteja em boa forma e que Alex seja mesmo apenas e tão somente o vice (e que vice!) D'Alessandro. Tenho dúvidas quanto ao rendimento de Aránguiz, um grande jogador em fase ruim e há tempos fora por convocação ou lesão, justo na posição em que Jorge Henrique já me mostrou que pode executar muito bem. Entretanto, o chileno estará em casa e certamente será o menos propenso a sentir o ambiente. Vale a aposta. Meus temores são mais pela nossa defesa, que tem quatro jogadores com avaliação técnica ainda insuficiente em 2015, dentro de uma mecânica de jogo pouco azeitada e num sistema tático ainda não consolidado. Pelo que diz a imprensa chilena, La U cresceu muito de rendimento nestes 30 dias, prometendo criar muito mais dificuldades ao Inter do que no jogo de Porto Alegre.

2 comentários:

Alessandro disse...

Acho que o esquema de hoje vai se transformar em um 3-5-2. Com Ernando, Alan Costa e Juan na defesa e JH na ala direita.
Eu não deixaria o Vitinho em Poa, acho que esta escolha em especial não é correta. Mas creio que o Aguirre está achando agora o melhor time.

Jonatan disse...

Bom... o jogo resumiu a tua análise, acho que os nossos comentaristas estão cada vez mais engolindo suas falacias, estamos crescendo em produtividade no momento certo, o que mais me agrada no Aguirre e esta mentalidade de não termos um time fixo, fico imaginando a cabeça do treinador adversário para saber como o Inter vai jogar....