quarta-feira, fevereiro 06, 2013

CAN 2013: análise das semifinais

MALI x NIGÉRIA 1-4

Echiejile 25', Ideye 30', Emenike 44', Musa 60', Fantamady 75'

Minha expectativa por um jogo equilibrado e de poucos gols, definido numa prorrogação, dissipou-se na primeira meia hora de partida. Embora o Mali tenha partido melhor, tomando a iniciativa do jogo e tentando impor um ritmo mais rápido do que nas apresentações anteriores, foi a Nigéria que abriu vantagem com dois gols em 5 minutos, com duas jogadas rápidas e de profundidade pelo lado direito de seu ataque. No primeiro gol, grande jogada de Moses sobre Tamboura, cruzamento certeiro no segundo pau e escorada de peixinho do lateral esquerdo Echiejile, que aparece sozinho metros à frente de seu desatento marcador, Maiga. No segundo, moses lança Emenike em velocidade às costas de Tamboura, cruzamento rasteiro e Ideye, meio embolado com a zaga, escora para as redes. Os gols abateram demais o ânimo malinês e a Nigéria tomou conta do jogo. Esperanças de Mali definitivamente sepultadas quando Emenike fez mais um gol de falta mal cobrada, desta vez desviada na barreira.  Keshi troca Moses - grande destaque da partida - por Musa ainda no inicio do segundo tempo e é brindado por mais um gol em velocidade às costas de Tamboura (de boa atuação ofensiva), em lançamento rasteiro preciso de John Obi Mikel. As mexidas de Mali melhoraram bastante a equipe, que fez um gol e criou mais algumas boas chances, mas já contra uma Nigéria relaxada e apenas especulativa no contra-ataque. 

No plano tático, o Mali, com Samba Diakité contundido, optou por um 4-4-1-1 com Keita ligando meio e ataque. Mas seus jogadores de flanco, Maiga e M. Traoré pouco sucesso tiveram contra seus marcadores e Keita acabou ficando bloqueado entre os volantes e a linha de zaga. Sissoko ficou mais retido à frente da zaga e coube a K. Traoré, de boa atuação até a debacle da equipe, o comando da armação de jogo. Pelo outro lado, o que se viu foi uma Nigéria novamente muito rápida e determinada, num misto de 4-4-2 com 4-2-3-1, com o centroavante Emenike ocupando o flanco direito na primeira linha de marcação com Mba e Moses, mas acompanhando Ideye à frente nas ações ofensivas. Mantido titular mesmo após o cumprimento da suspenação por Ogude, Onazi esteve muito forte na marcação, deixando o centro nervoso das manobras com Mikel em posição mais baixa e Mba e Moses na ligação com o ataque. Determinante a maior presença ofensiva do lateral Echiejile. Com a saída de Moses, Musa entrou como ponta-direita, passando o time para um 4-3-3, com Ideye pela esquerda. Cresce muito o time de Keshi, o treinador que promoveu uma renovação na seleção e que parecia não ter convicação na formação tática e escalação, alteradas jogo a jogo. Mas, o que se nota agora, é que Keshi tem um plantel capaz de lhe oferecer variações táticas importantes dentro de uma mesma partidas, adaptando-se ao modo de jogar do adversário.

Mali: Samassa 6, Diawara 4, Wague 4, N'Diaye 4 e Tamboura 4; Maiga 4 (Fantamady 7), Sissoko 5,  (Diabaté 7), K. Traoré 5 e M. Traoré 5 (Sow 5); Keita 5 e Samassa 5. 

Nigéria: Enyeama 6, Ambrose 6 (Yobo s.n.), Omeruo 6, Oboabona 6 e Echiejile 7; Moses 8 (Musa 7), Onazi 7,  Mikel 7 e Mba 6; Emenike 7, Ideye 7 (Uzoenyi s.n). 

Nota do jogo: 7

-------------------------------------------------------------------------------------------------------


BURKINA FASO x GHANA *1-1 (3-2 nos pênaltis)

Wakaso 13' (P), Bancé 60'

Ghana mandou a campo Wakaso no lugar de Adomah, mas centralizado logo atrás de Gyan, com Asamoah e Atsu, em nova boa atuação, nos flancos. Mas isso durou apenas dez minutos, pois com a contusão de Pantsill, James Appiah promoveu a entrada do winger direito Asante, deslocando o juventino Asamoah para a lateral-esquerda e Afful trocando de lado na linha defensiva. Não sei quais opções estavam disponíveis ao treinador ganês, mas o fato é que toda essa mexida foi prejudicial à sua equipe, pois embora Asante tenha jogado bem, Kwadwo Asamoah é um jogador muito precioso para ficar distante do centro do jogo e com atenção defensiva redobrada, já que o winger direito de Burkina - Nakoulma - é um jogador muito rápido e agudo. Burkina veio reforçada no meio com a presença do bom marcador Rouamba, adiantando Kaboré para o centro da linha de 3 meias, onde passou os 90' comandando toda a manobra ofensiva dos Garanhões. Após boa atuação no jogo anterior, Nakoulma foi confirmado entre os titulares, mas pela direita, deixando Pitroipa aberto pela esquerda. O comando de ataque foi dado ao folclórico Bancé, substituindo o vetereano ex-capitão Dagano, que no jogo anterior confirmara sua má forma técnica. E foram Pitroipa e Bancé as figuras mais importantes do jogo. Após tomar um gol em cobrança de pênalti só visto pelo péssimo árbitro tunisino, Burkina passou a dominar as ações. Mesmo com Ghana levando perigo em várias oportunidades, especialmente em jogadas de Atsu e Gyan, Burkina sempre esteve mais perto do gol. O grandalhão Bancé desperdiçava inúmeras oportunidades criadas pela forte meia-cancha burquinabê, algumas por falta de sorte, mas muitas por incompetência técnica. Mas foi justamente Bancé que empatou o jogo após roubada de bola de Rouamba no campo de ataque e assistência de Kaboré, pescando-o sozinho entre a dupla de zaga de Ghana, surpreendida pelo erro de Badu na saída de bola. À medida que o tempo passava, Ghana decaía nitidamente na condição física e Burkina pressionava. Na prorrogação, Nakoulma encobre Douda após disputa corpo a corpo com Asamoah, mas vê seu gol anulado pelo o árbitro Jedidi Slim, que viu uma polêmica falta do atacante. Faltando minutos para o fim, Pitroipa invade a área em velocidade e é clamorosamente derrubado por trás. Mas Slim não apenas ignora a falta como dá o segundo amarelo a Pitroipa, excluindo-o não só da partida, como da grande final. Desconsolado, sentado no túnel, o ao habilidoso e ágil atacante do Rennes vê seu país entrar para a história, ao bater Ghana nas decisão por penaltis. 

Burkina FasoDaouda Diakité 6, Koffi 6 (Henri Traoré 6), Bakary Koné 7, Keba Paul Coulibaly 6 e Panandetiguiri 4; Rouamba 7 e Djakaridja Koné 6; Pitroipa 7, Kaboré 8 e Nakoulma 6;  Bancé 6.   


Ghana: Dauda 7, Pantsill s.n. (Asante 6), Boye 5, Vorsah 5 e Afful 4; Badu 5 e Rabiu 5 (Derek Boateng 5); Atsu 7, K. Asamoah 6 e Wakaso 6 (Clottey 5); A. Gyan 6.

Nota do jogo:8

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Palpite para a final:
Chegaram à final dois times que baseiam seu jogo muito mais num coletivo forte e boa preparação mental e atlética do que nos destaques técnicos individuais. Tenho impressão que os treinadores Keshi e Put realmente fizeram dois grandes trabalhos. Apenas 12 meses atrás, na CAN 2012, o mesmíssimo time-base deste ano* -  e ainda com Dagano em melhor fase e Alain Traoré jogando todas as partidas,  foi eliminada na primeira fase, com três derrotas para Angola, Sudão e Costa do Marfim, sob comando do português Paulo Jorge. Agora, sem seu craque contundido e com Pitroipa injustamente suspenso, os Garanhões precisarão de um milagre para superar as Super Águias de Keshi. O ex-zagueiro da Copa de 94 e campeão da CAN 94 está prestes a se tornar uma lenda viva do futebol do seu país, com um improvável título a ser vencido por uma equipe renovada e muito criticada antes do torneio, mas que chega à final com muita confiança. Cabe lembrar que as duas equipes se enfrentaram na primeira rodada da CAN 2013, em que Nigéria começou melhor e Burkina buscou um merecido empate no segundo tempo. Naquele jogo, Alain Traoré, que vinha de lesão, entrou no segundo tempo e mudou a cara do jogo, empatando ele mesmo a partida após grande jogada de Pitroipa. Mas os destaques dos Garanhões não estarão em campo desta vez e a Nigéria cresceu muito desde a estréia. Nigéria 2x1, mas minha torcida ficará com Burkina.


* Diakité, Koffi, Bacary Koné, Tall e Keba Coulibaly (Panandetiguiri), Djakaridja Koné e Rouamba (Keré); Kaboré (Nakoulma), Alain Traoré e Pitroipa; Dagano (Bancé). Como se vê, basicamente apenas Tall e Keré não estão mais naquele grupo de 15 ou 16 jogadores que costumam se alternar entre titulares e substituitos principais ao longo da competição.


Sem comentários: