sexta-feira, junho 14, 2013

Copa das Confederações 2013 - análise preliminar

Em poucas palavras, o que penso de cada seleção:

BRASIL
Que a Seleção não está bem e não inspira grandes expectativas, todo mundo está vendo e não preciso comentar. Mesmo assim, alguns motivos me levam a crer que o nosso desempenho pode ser melhor do que sugere a série de amistosos de 2012-2013:
  • Jogamos em casa e isso tem efeito psicológico, ainda que nossa torcida seja muito corneteira e, no caso específico de seleção, não saiba gritar ou cantar nada mais do que aquele batido "Bra-sil". 
  • Nos últimos 30 anos, a Canarinho têm se caracterizado por não vencer quando o time parece estar "no ponto" e ser campeã quando reinam o pessimismo e a desconfiança na imprensa e torcida. Sim, isso aparente ser apenas mais um "pensamento mágico", mas talvez tenha algum fundo psicológico nisso também.
  • Felipão é mestre em competições de mata-ou-morre ("pelamordedeus", não existe mata-mata).
  • Três semanas de treinamento intenso e o natural crescimento proporcionado pela sequência de jogos.
  • Competição oficial é bem diferente de amistosos, no que tange à concentração dos jogadores no trabalho.
Por outro lado:
  • Se em 94 e 2002 ganhamos Copas do Mundo sem nos consideramos favoritos, tínhamos Romário e Ronaldo na "ponta dos cascos", enquanto o Neymar de hoje está longe de sua melhor forma, além de não ser um jogador tão afirmado quanto já eram os outros dois às duas épocas de levantamento de taça.
  • Tanto em 94 como em 2002, como na Copa das Confederações de 2005, tínhamos um modelo tático bem definido e uma escalação praticamente fechada. Não temos nem uma coisa nem outra ainda.
  • Poderíamos ter tido mais sorte na divisão dos grupos, pois Uruguai, Nigéria e Taiti representariam um caminho mais fácil para um time que precisa crescer com o passar dos jogos.
Tudo somado e por uma questão passional de torcedor, sou obrigado a achar que o Brasil é favorito pelos menos à chegar numa final.

Pouco há o que criticar na convocação de Felipão. Me abstenho de dizer se a não convocação de Ronaldinho Gaúcho foi certa ou errada, mas como ele não me empolga nem como figura nem como jogador, não fará falta aos meus olhos. Prefiro jogadores como Kaká, que são menos habilidosos, mas mais constantes e decisivos nas horas difíceis. Mas se Kaká faz falta entre os 23 de Felipão, é porque se resignou a uma condição de reserva em seu clube. Ou porque já não reúne mais condições físicas e técnica.

Se no plano técnico a Seleção não teria como estar muito melhor, na parte tática, me parece que o time tem potencial de melhoria. Talvez até com o 4-2-3-1 empregado no momento. Especialmente Paulinho e Neymar parecem não estarem jogando de forma que mais lhes façam render o esperado. Embora o problema de Neymar confunda-se com sua má fase, Felipão ainda o testa aberto pela esquerda ou mais livre, logo atrás do centroavante. No papel, Paulinho joga na mesma função do 4-2-3-1 muito usado por Tite em suas campanhas vitoriosas. Mas, na prática, com a camiseta amarelinha ainda pouco se viu do Paulinho que esperamos. Eu gostaria de ver um 4-3-3 com Fernando na cabeça-de-área, Paulinho e Hernanes no estilo "box-to-box", com o ataque formando por Neymar e mais dois entre Lucas, Hulk, Oscar e Fred. Neymar poderia, quem sabe, ser utilizado como um falso 9, como Messi no Barça ou o Totti da Roma de alguns anos atrás. Por alguns minutos, a Seleção jogou no 4-3-3 contra a França, exatamente com Fernando-Paulinho-Hernanes, mais Lucas-Fred-Neymar. Mas como tirar Oscar do time, já que vem sendo o mais regular dos meias da seleção? Boa sorte, Felipão!

ITÁLIA
Sempre é difícil prever o desempenho da Azzurra, mas vem fazendo uma campanha tranquila nas eliminatórias, dando a entender que está dando continuidade ao bom momento vivido na Eurocopa de 2013, manchado apenas pelo retumbante fracasso no jogo final. Como de hábito, a Italia cresceu após a primeira fase, mas ao contrário da sua tradição, o time de Prandelli mostrou valorização da posse de bola, jogo ofensivo e imposição do seu jogo à estratégia do adversário. Houve uma renovação de mais da metade do elenco, mas a espinha dorsal é a mesma da campanha polaco-ucraniana. Por outro lado, acho que a Itália é a seleção que menos importância dá ao torneio, de modo que suspeito da condição física e anímica do grupo. Também não me agrada o time que Prandelli sinaliza mandar a campo, com apenas 1 atacante nato e uma quantidade muito grande de meio-campistas que não estão acostumados a jogarem abertos pelos flancos. A destacar a jovem dupla de ataque ítalo-africana formada por Balotelli (Palermitano filho de ganeses e adotado por italianos) e El Shaarawy (pai egípcio, mãe italiana), além dos experientes e qualificados meio-campistas Pirlo, De Rossi e Montolivo.

MÉXICO
Tem sido a "touca" da Seleção em várias competições oficiais diferentes. E, depois da grande campanha da medalha de ouro olímpica, tudo indicava que o México seria mais uma vez forte candidato a pedra no sapato verde-amarelo. Contudo, com 8 empates nas últimas 13 partidas e um futebol muito criticado pela imprensa e torcida, embora sem derrotas, baixaram minhas expectativas quanto a "El Tri". No plano individual, segue sendo Chicharito Hernández sua maior expressão técnica, ainda que sua temporada na Premier League não tenha sido das melhores. Estranhei a não convocação de duas figuras da campanha Olímpica: Peralta, centroavante que marcou contra o Brasil, e, sobretudo, Marco Fabián, que considero o mais talentoso jogador mexicano em ação no campeonato local.

JAPÃO
Campeã da Ásia em 2012, de boas participações nas últimas duas edições dos Jogos Olímpicos e presença constante em Copas do Mundo desde 98, além de folgadamente já classificados para a Copa de 2014, a seleção nipônica conta com uma boa mescla de jovens e experientes jogadores. Dizer que essa é a melhor seleção japonesa de todos os tempos pode não empolgar ninguém, mas talvez nenhum outro país tenha crescido tanto no futebol nos últimos 20 anos e não será surpresa se tirar a Itália ou mesmo o Brasil das semifinais. O time é taticamente muito organizado, duro na marcação e bastante técnico, embora não necessariamente habilidoso. Será uma dura estreia para o Brasil, em que pese nosso melhor jogo nos últimos tempos tenha sido justamente a goleada de 3-0 sobre o Japão, imediatamente antes da surpreendente demissão de Mano Menezes. Destaques para as bolas paradas do volante Endo e para os ótimos meia-atacantes Honda (CSKA Moscou) e Kagawa (Manchester United). Mijawa desfalca a seleção por conta de uma infecção urinária.

ESPANHA
Na Euro 2012, quando a Espanha dava mostras de que já não era a mesma, massacrou a Itália na final, na única partida em que realmente convenceu. Nas eliminatórias, pressionada por empate consecutivos contra Finlândia e França em terras espanholas, e novamente sob olhares desconfiados, bateu os gauleses em pleno Stade de France, praticamente garantindo a classificação à Copa 2014. É provável que desta vez vejamos o time de Xavi e Iniesta abaixo do seu auge, mas isso não a faz necessariamente inferior aos adversários. Para a atual campeã do mundo, bi da europa e medalhista de ouro nas Olimpíadas de 92, falta apenas a Copa das Confederações em sua sala de troféus. E virão "mordidos" pela derrota frente aos EUA nas semifinais da edição de 2010, o que aumenta seu favoritismo. Desnecessário falar sobre os seus destaques individuais, mas importante ressaltar a capacidade de revelação de bons jogadores nos últimos anos, garantindo um elenco forte além um grande time, e uma perspectiva de manutenção da Fúria no top 5 do ranking mundial por longo tempo.

URUGUAI
Depois de um biênio 2010-2011 com uma grande Copa do Mundo e o retorno ao topo do pódio sul-americano, o retumbante fracasso olímpico e a decepcionante campanha nas eliminatórias, não aposto no Uruguai como pretendente ao título. Mas, se por um lado tem Forlán em baixa, um sistema defensivo que não se renova e uma meia-cancha modesta, possui em Suárez e Cavani dois dos melhores atacantes em atividade na Europa. E muita camisa.

NIGÉRIA
São os campeões africanos de 2013 e uma tradição de grandes jogadores como Kanu, Yekini, Okocha, Oliseh, Amunike e tantos outros craques do passado. E isso não quer dizer rigorosamente nada. A CAN 2013 teve um nível técnico sofrível e as Super Águias tiveram muita dificuldade de bater uma Burkina Fasso privada de seu melhor jogador na final. Além disso, Moses e Emenike, seguramente dois dos dez melhores jogadores da competição, não vieram ao Brasil. Seu grupo de jogadores é o mais jovem da competição, mas muito mais por falta de opções e medalhões afastados pelo técnico Stephen Keshi do que propriamente por uma boa safra de revelações. Para piorar, o clima no vestiário não é dos melhores, por conta de discussões sobre premiação, às vésperas do embarque. Individualmente, destacam-se apenas o "chelseano" capitão Obi Mikel e o jovem e desconhecido meia Sunday Mba, que começou a CAN no banco e se transformou numa das figuras da equipe.

TAITI
Na Copa do Mundo 2010, o representante da Oceania endureceu suas partidas e arrancou empates contra Paraguai, Eslováquia e Itália, voltando invicto para casa. Mas era a Nova Zelândia, que não se compara com o Taiti. Com uma seleção com 22 jogadores amadores e um único "europeu", os taitianos chegaram ao Brasil apenas e tão somente por uma conjunção de zebras que entrou para história do pobre e desconhecido futebol de seu continente. O Taiti ter batido a Nova Caledônia na final do torneio continental foi tão supreendente quanto a vitória desta sobre os Kiwis, na semifinal. Serão um saco de pancadas e farão Felipão se lembrar de Bambala e Arimatéia. Seu único destaque é Marama Vahirua, 33 anos, veterano de campeonatos franceses e mais conhecido por ser primo de Pascal Vahirua, figura do Auxerre na década de 90 e que jogou a Euro92 pelos "Bleus".

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