terça-feira, fevereiro 01, 2011

Copa da Ásia 2011 - Análise Geral

Qualidade dos jogos:
As primeiras rodadas tiveram um considerável número de jogos muito fracos do ponto de vista técnico, alguns deles ainda pobres em emoção. Inicialmente, parecia-me um torneio menos interessante e mais fraco do que a Copa das Nações da África, competição que pude assistir a todas as edições televisionadas desde 1992. Outra expressiva quantidade de partidas, como as que envolveram a primária equipe da Índia, revelaram um enorme desequilíbrio de forças entre as seleções. Da terceira rodada em diante, mas especialmente nas quartas e semifinais, passou-se a ver bons jogos de futebol. Ainda que um zero a zero desemptado na prorrogação, com poucas chances de gol, a final entre Japão e Austrália mostrou que, em termos de espetáculo, a ponta do futebol asiático não deixa a desejar ao futebol africano de seleções.

Nível técnico:
O resultado da competição evidenciou a disparidade entre o bloco das potências e o restante das seleções: Japão, Coréia do Sul e Austrália foram, de longe, as melhores seleções do torneio e justamente as três primeiras colocadas. E, vivendo o que na melhor das hipóteses é uma entresafra de gerações, o Irã deu mostras de que pode estar ficando para trás e saindo desse bloco. Em contrário senso, quem pode estar no rumo para integrar é o Uzbequistão. Apesar da retumbante derrota de seis a zero na semifinal, a seleção uzbeque nos fez ver alguns bons jogadores e uma consistência coletiva interessante. Não me surpreenderei, nem um pouco, se Uzbequistão conseguir vaga para uma das próximas Copas do Mundo. Decepcionou, mais uma vez, a China, de quem eu esperava um rápido crescimento desde a participação na Copa do Mundo de 2002. Mas o grande fracasso no Qatar foi protagonizado pelo futebol do mundo árabe e simbolizado pela ex-grande potência Arábia Saudita, que perdeu três partidas, marcou apenas um gol e ficou somente à frente da Índia. Salvaram-se alguns momentos dos anfitriões qatarianos - uma legião de estrangeiros comandada pelo "mago" Bruno Metsu (treinador do memorável Senegal da Copa de 20o2) e os iraquianos, que defendiam o título. O Iraque, contudo, baseia seu jogo muito mais num esquema fechado e pouco agressivo, do que na qualidade técnica dos jogadores, nivelada com o restante do mundo árabe. Supreenderam a Ásia, em 2007, fazendo e tomando poucos gols, levando jogos a prorrogações e pênaltis e contando com sorte na tabela de adversários. Mas um raio não cai duas vezes no mesmo lugar e, desta vez, deu a lógica: uma derrota nas quartas-de-final, vendida muito cara, mas justa, perante a Austrália.

Esquemas táticos:
O tradicional 4-4-2 foi adotado por Qatar, Kuwait, Jordânia, Arábia Saudita, Austrália, Índia, Iraque e Irã, quase sempre com meias-canchas dispostas "à inglesa", com dois externos mais agressivos e dois centrais com funçoes de marcação e armação. Nos casos de Austrália e Iraque, também de chegada e finalização de longa distância. Digno de nota foi o ataque dos Socceroos, composto por Cahill e Kewell, sabidamente dois meias-atacantes. Assim como na Copa do Mundo, o 4-2-3-1 foi bastante empregado na competição, mesmo que não tão claramente configurados em campo, devido a atacantes posicionados como externos ou meias-atacantes flutuando das extremas para o centro. Foi o esquema preferencialmente usado por Japão, Uzbequistão, China, Síria, Bahrein e Emirados Árabes. Nominalmente no 4-2-3-1, a Coréia do Sul jogou praticamente num 4-2-4, em que a linha ofensiva toda se mesclava nas funções e posições, apenas com o externo-direito Lee Chung-Young guardando posição por mais tempo. A Coréia do Norte foi a única a apresentar o "catenacciaro" 5-3-1-1, e o sepultado 3-5-2 renasceu apenas numa das partidas do Uzbequistão.

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