sábado, julho 03, 2010

A desclassificação do Brasil na Copa 2010

Minhas impressões, esquematicamente colocas, por preguiça de fazer um texto:

1) Brasil fez um bom primeiro tempo e a Holanda melhorou um pouco no início do segundo. Mas, mesmo assim, "achou" um gol num lance circunstancial de falha do melhor goleiro do mundo. Somente depois desse gol, que motivou a Holanda e desconcentrou o Brasil, é que os tulipanos nos foram superiores e, ainda assim, não a ponto de tornar uma injustiça um possível placar de 1-1 até o final da partida. Julio Cesar praticamente não fez defesas. A Holanda só levou perigo pela posse de bola próxima da nossa área e pelos dois cruzamentos que resultaram em gols. Somente após a expulsão, no desespero de um Brasil com 10 é que a laranja mecânica conseguiu justificar a vitória com oportunidades de gol.

2) A expulsão de Felipe Melo era previsível há seis meses e justificaria que Dunga sequer levasse o jogador à Copa. Mas se o seu desempenho em campo foi o melhor dentre todos os que ocuparam a camisa 5 em 3 anos e meio de trabalho e se o treinador tinha a esperança de conseguir manter os nervos do jogador calmos durante o mundial, deve-se respeitar sua decisão. Ainda que, ao meu ver, errada, antes, durante e depois da eliminação. De salientar que Felipe Melo foi mesmo o personagem do jogo: uma bela assitência para gol de Robinho, um gol contra, um erro de marcação sobre o cabeceador do segundo gol e uma expulsão.

3) Porém, a desclassificação do Brasil não se deu pela expulsão de Felipe Melo. Quando isso ocorreu, a seleção já havia sofrido a virada. O que a tola expulsão prejudicou foram as chances de empatar o jogo nos 20 minutos que faltavam. Ninguém garante que aconteceria, pois o Brasil já estava mal animicamente.

4) Sempre (ou quase) após uma derrota da seleção, muitos dizem que faltou raça, que o time não correu, que os jogadores são mercenários, que não houve indignação, que são sangue frios, etc., etc. Não houve nada disso. O time correu, brigou, suou a camisa. Pode ter corrido errado, perdido após tomar gos gols, mas diria que em termos de "sangue quente", até passou do ponto. Não foi apenas Felipe Melo que demonstrou destempero durante o jogo.

5) O trabalho de Dunga foi bom e vencedor, até perder pra Holanda. Mas como perdeu o jogo mais importante, não se pode de forma alguma dizer que teve sucesso. Por outro lado, seria bom que se reconhecesse que ele montou um bom time, ainda que não brilhante, e que sua unica derrota importante foi num dia em que venceu convincentemente seu adversário por 2/3 da partida e levou uma virada por circunstâncias do futebol.

6) Fico me perguntando se Kaká estivesse em plena forma e Elano em campo (para mim, sempre fui peça fundametal) se não teríamos massacrado a Holanda naquele primeiro tempo de ontem. As lesões de Kaká e Elano não sao culpa de Dunga. Talvez seja, a falta de substitutos à altura. Mas não me pergunto, nem um pouco, se também poderiamos ter batido a Holanda com Ronaldinho Gaúcho e Adriano. Fizemos ainda pior em 2006, com eles. E os últimos quatro anos mostraram que não estariam aptos para fazer diferença em 2010. Neymar? Bem, daí não teríamos tido Robinho em campo. Ganso? Ahhhhhh, esse sim, minha melhor opção (ou única) como candidato a substituto de Kaká. Mas que ninguem sabe como se comportaria com a camisa da seleção. No mundial sub-20, em 2009, não fez a diferença. Alguém mais? Certamente não há.

7) Dunga foi e continua sendo "acusado" pela imprensa de ter errado em montar um grupo de jogadores que não eram os melhores, mas que se encaixavam na "família Dunga". Infelizmente, poucos comentaristas e torcedores conseguem entender que a montagem de uma seleção é muito mais complexa do que reunir jogadores pelo mérito do momento. Basta dar uma olhada nas "seleções dos melhores" que órgãos de impresa fazem ou promovem a cada campeonato para ver que, embora possa ser justas ao premiar os destaques individuais, raramente se constituem de um time que possa ser escalado de forma equilibrada. Para sair da teorização subjetiva sobre esse ponto, basta olhar para a seleção alemã de Joachim Loew: se o desempenho dos jogadores no campeonato alemão fosse o principal critério de convocação, Klose e Podolski, que juntos fizeram apenas 5 gols, jamais seriam convocados po 90% dos comentaristas brasileiros. Em tempo, a imprensa alemã questinou muito Joachim Loew por não ter levado Kevin Kuaranyi, o alemão com o segundo maior número de gols marcados na Bundesliga. Como dizem na Italia, "tutto il mondo é paese" (tradução livre: é a mesma coisa em todo lugar).

8) Aliás o time do melhor do mundo e dos 1800 atacantes fenomenais, a seleção que escalava os melhores e representava a fina flor do futebol bailarino sul-americano, levou uma sova dos "duros de cintura", "previsíveis" e "defensivistas" alemães. Quantos chavões. Mas há de se fazer justiça: uns 20% da imprensa brasileira sabe que os alemães não são nada disso e quase toda reconheceu, depois da copa começada, que a Alemanha tem um time ofensivo esse ano. O problema é se supreender com isso, pois os comentários deles mesmo nas copas de 2002 e 2006 foi bem semelhante. Não vou nem falar da Alemanha campeã em 90, cujo jogador mais recuado no meio de campo era o craque Lothar Matthaus, jogador de vários gols e assistências. O que ocorre é que prevalece o chavão sobre a memória.

8) A mesma imprensa que reclamava de um pretenso defensivismo (nunca vi a Seleçao retrancada) e do excesso de volantes do time do Dunga (eram só dois, e um deles com o defeito único de ser destemperado), hoje comentou que um time com um só marcador no meio de campo (Mascherano) só podia tomar quatro da Alemanha. Santa Incoerência, Batman !!!!

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